Em alguns dinheiros novos, alguns pormenores tipológicos chamam a atenção, não se sabendo ainda qual a sua função, ou se correspondem a defeitos de cunho. Já vimos isso a propósito da cruz que apresenta, em alguns casos, pequenas curvaturas ou pequenas cunhas. Contrariamente aos restantes dinheiros, surge por vezes nos exemplares de D. Fernando I um pequeno anelete (ou ponto, ou arruela) sobre a quina central. Desconhece-se o significado de tal diferente. Alguns autores sugerem que poderá ter sido utilizado para distinguir diferentes emissões da mesma moeda.
BASE DE DADOS
quinta-feira, 21 de dezembro de 2006
Em alguns dinheiros novos, alguns pormenores tipológicos chamam a atenção, não se sabendo ainda qual a sua função, ou se correspondem a defeitos de cunho. Já vimos isso a propósito da cruz que apresenta, em alguns casos, pequenas curvaturas ou pequenas cunhas. Contrariamente aos restantes dinheiros, surge por vezes nos exemplares de D. Fernando I um pequeno anelete (ou ponto, ou arruela) sobre a quina central. Desconhece-se o significado de tal diferente. Alguns autores sugerem que poderá ter sido utilizado para distinguir diferentes emissões da mesma moeda.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2006
D. Afonso I
ALFONSVS / REX PORTVGA
AFONSVS / PORTVGA
REX ALFOS / PORTVGA
ALFOS REX / PORTVGA
REX POR (TV) / ALFONSVS
PORTVG / REX ALFOS
PORTVG / ANFOS REX
D. Sancho I
PORTVG / REX SANCI
REX SANCIVS / PORTVGAL
PORTVGALI / REX SANCIV
PORTVGALIS / REX SANCIO
PORTUGALE / REX SANCIV
PORTVGALIE / REX SVNCIO
D. Afonso II
PORTVGAL / REX AFONSV
PORTVGAL / REX AFOS
PORTVGALIE / REX ALFOSV
REX AFOSO / PORTVGAL
D. Sancho II
REX SANCIV / PORTVGAL
REX SANCIVS / PORTVGAL
SANCI REX / PORTVGAL
SANCII REX / PORTVGAL
SANCIII REX / PORTVGAL
Não obstante intitular-se Rei de Portugal e dos Algarves quando do segundo lavramento da sua moeda (1270), os dinheiros de D. Afonso III mantêm a estrutura legendária dos reinados antecedentes. Eis alguns exemplos:
ALFONSVS REX / PORTVGAL
ALFONSV RX / PORTVGAL
ALFONSV REX / PORTVGAL
ALFONS REX / PORTVGAL
De notar que o nome PORTVGAL, tal como no reinado anterior, enquadra os escudetes a duas letras: PO/RT/VG/AL. Embora haja por vezes dificuldade em determinar qual o sinal de abertura ou de encerramento inscrito, a ordem normal é exactamente PO/RT/VG/AL. Há, no entanto, exemplo de outras ordens: AL/PO/RT/VG, VG/AL/PO/RT.
A partir de D. Dinis, a indicação do nome do rei é feita por uma inicial simples, com algumas excepções em D. Afonso IV. A referência ao Algarve é feita no reverso sob a forma ALGARBII. Alguns exemplos:
D. Dinis I
D REX PORTVGL / GA RB II AL
D. Afonso IV
:A:REX:PORTVGL / AL GA RB II
ALF REX PORTVGL / GA RB II AL
D. Pedro I
:P REX PORTVGL / AL GA RB II
P.REX PORTVGL / RB II AL GA
D. Fernando I
F:REX:PORTVGL / AL GA RB II
F:REX:PORTVGALI / AL GA RB II
Algumas observações finais:
Um - Os dinheiros de D. Afonso III distinguem-se facilmente dos dinheiros de D. Afonso IV. Num, o nome do rei surge completo ( ALFONSVS); noutro, aparece abreviado ( ou :A, ou ALF).
Dois - Os dinheiros de D. Dinis I e os de D. Pedro I confundem-se muitas vezes. A diferença entre o D e o P, iniciais dos reis, é por vezes quase nula, ou muito difícil de identificar (ver esboço de Laulo Baptista, abaixo). Em geral, o D de D. Dinis coincide com o braço da cruz. O P de D. Pedro surge em geral ligeiramente deslocado à esquerda ou à direita do braço da cruz.
Três - Os dinheiros mais “construídos” são, sem dúvida, os de D. Fernando. A presença sistemática de um sinal de abertura na legenda (cruz) e de sinais separadores ( aneletes), facilita a leitura.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006
O escudo surge pela primeira vez, em dinheiros, no anverso de alguns exemplares de Afonso II. Na numária de D. Sancho II, o escudo e os escudetes exercem função distintiva, a par da cruz e dos símbolos cantonantes: escudo isolado com três ou cinco besantes, dispostos sob formas variadas; dois, quatro ou cinco escudetes (estes em cruz, com um besante por vezes rodeados por pontos).
A partir de Afonso III, os dinheiros novos adquirem uma nova estrutura, mantendo-se mais ou menos iguais até D. Fernando. Com Afonso III, de acordo com Ferro (1978:94):
a) Os escudetes surgem no reverso da moeda e sempre em número de cinco e em cruz. A sua disposição manter-se-á inalterável até D. João II, altura em que os escudetes laterais abandonarão a sua posição deitada.
b) Os escudetes encontram-se carregados de besantes em número e disposição variável, começando a ver-se em alguns deles a sua colocação em aspa ou sautor ou cruz de Santo André (><).

Os besantes podem ter alguma utilidade para datar moedas dos últimos reinados da I Dinastia, pois desde D. Afonso IV a D. Fernando que o número e a disposição parece fixar-se (cinco em aspa). Mas isso é bastante relativo, pois existem exemplares de D. Afonso III com a disposição em aspa, enquanto existem exemplares de D. Dinis com disposição irregular. Antes de D. Afonso III os besantes, quando existem, têm uma disposição caótica, que poderá ir de apenas um até cinco, dispostos em cruz ou até em T. Em cima podemos apreciar um pouco a disposição dos besantes (ou a sua ausência) em dinheiros do início do século XIII até finais do século XIV.
Nos primeiros três exemplares, vemos que nem sequer existem besantes, estando os escudetes vazios. Nos exemplares 4 e 5 (Afonso III) os besantes são cinco, mas dispostos em cruz; penso que seja a disposição mais comum em moedas deste monarca. O número 6 apresenta uma cunhagem muito deficiente, mas julgo que o número e a disposição dos besantes deveria ser como os anteriores. O dinheiro número 7, de D. Dinis, é interessante, pois apresenta já os besantes alinhados em aspa, o que ainda não é muito comum neste monarca. Nos números 8 e 9 (D. Pedro e D. Fernando) a tendência é já para a disposição clássica, nota-se até já uma grande modernidade nas quinas e besantes do dinheiro de D. Fernando.
domingo, 17 de dezembro de 2006
Elementos cantonantes da cruz
A – De Afonso I a Afonso II
Os dinheiros de Afonso Henriques, Sancho I e Afonso II possuem características próprias que os tornam facilmente reconhecíveis ( há, no entanto, alguma discussão sobre a atribuição de alguns exemplares). Na medida em que há poucos exemplares conhecidos, a sua classificação faz-se caso a caso, nalgumas circunstâncias por exclusão de hipóteses.
B – Sancho II
A cruz dos dinheiros de D. Sancho II, atravessando a legenda, é de dois tipos:
1º TIPO – cruz lisa
2º TIPO – cruz recruzetada

1º Tipo
1ª Variante
2ª Variante
…
2º Tipo
1ª Variante
2ª Variante
…
Há, ainda, a possibilidade de cada variante ser por sua vez subcategorizada:
1ª Variante
1ª Subvariante
2ª Subvariante
…
Finalmente, características muito específicas da moeda ( legenda, diferente caracterização de algum elemento…) podem permitir uma variante de terceiro nível. Esta variante será considerada num tópico de observações.
A cruz cantonada e os símbolos usados são características comuns a todos os reis do intervalo considerado. De acordo com Marques, estão identificadas as seguintes 40 possibilidades:
Uma classificação inicial a partir da cruz e dos elementos que a cantonam é pertinente e pode estabelecer-se do seguinte modo:
TIPO GERAL
1º Subtipo: ECCE ( Estrela, Crescente, Crescente, Estrela)
2ª Subtipo: CEEC ( Crescente, Estrela, Estrela, Crescente)
3ª Subtipo: RCCR ( Roseta, Crescente, Crescente, Roseta)
…
A identificação do rei faz-se prioritariamente pela legenda. Os anversos e os reversos, sob uma multiplicidade de variantes, são os seguintes:
Afonso III – ALFONSVS / PORTVGAL
Dinis – D REX PORTVGL / ALGARBII
Afonso IV – ALF REX PORTVGL / ALGARBII
Pedro I – P REX PORTVGL / ALGARBII
Fernando – F REX PORTVGL / ALGARBII
As variantes de legenda serão consideradas. Por exemplo:
TIPO GERAL
1º Subtipo
Legenda A
Legenda B
Legenda C
…
Os elementos cantonantes de D. Fernando I obedecem, em geral, a uma estrutura com Crescentes e Rosetas (CR).
Finalmente, características muito específicas da moeda ( sinais ocultos, diferente caracterização de algum elemento…) podem permitir uma variante de terceiro nível. Esta variante será considerada num tópico de observações.
Prevêem-se dificuldades na diferenciação de alguns dinheiros de D. Dinis e de D. Pedro. A apresentação e análise sistemática de imagens talvez permita identificar algum elemento diferenciador desconhecido até ao momento, se exceptuarmos a diferença, por vezes não muito evidente dado o desgaste da moeda, entre D e P.
Por Mário Carvalho
sábado, 16 de dezembro de 2006



A partir de Afonso III, as cruzes confundem-se na sua tipologia. Potentadas, cantonadas por elementos diversos (estrelas, crescentes, pontos ou rosetas) são elemento essencial para a classificação dos diversos dinheiros. Marques (1983) esquematizou assim as cruzes dos dinheiros novos:

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006
Dinheiros velhos vs. dinheiros novos
Afonso III concebeu um saneamento monetário, criando os dinheiros novos em 1260, na tentativa de aproximar o valor intrínseco da moeda ao seu valor legal.
As consequências deste saneamento não são muito claras, mas os dinheiros novos implantaram-se e assumiram papel relevante na numária nacional.
DINHEIRO
A página terá, grosso modo, a seguinte estrutura:
1 . O dinheiro: artigo introdutório
2. Explicitação das tipologias.
2. Tipologia do dinheiro: de Afonso I a Afonso II
3. Tipologia do dinheiro: de Afonso III a D. Fernando
a) Cruz
b) Escudetes
c) Legendas
d) Diferentes
e) Metrologia
e1) Peso e Lei
e2) Módulo
3. Considerações gerais
4. A classificação será feita prioritariamente pelas variantes da morfologia e pela disposição dos elementos que cantonam a cruz. São conhecidas de momento 40 variantes. Há a possibilidade de encontrarmos outras.
O quadro organizativo contemplará ( aproveita-se o quadro de Maria Ferro: Catálogo, 1978):
A – Nº da espécie catalogada
B – Cronologia
C – Classificação
D – Metal
E – Peso (grs)
F – Módulo (mm)
G – Valor nominal
H – Legenda:
H1 – Anverso
H2 – Reverso
I – Tipo:
I1 – Anverso
I2 – Reverso
J – Eixo
L – Casa da Moeda
M – Processo de amoedação
N – Estado de conservação
O – Observações pertinentes
É evidente que este trabalho vai demorar e dependerá da minha disponibilidade de tempo.
Obrigado a todos.